terça-feira, 23 de novembro de 2010

FOLHAS NO CANDOMBLÉ

FOLHAS SAGRADAS. SEM FOLHAS, SEM ORISÀ.
"Sem folhas não há Orisà"
Sem folhas no ritual do candomblé é o mesmo que sem orisà.
Desde os tempos antigos e remotos ouvimos dizeres, sortilégio, bem feito com nossas Ervas Sagradas, tem referências de muitas em nossas vidas atribuídas em tudo que passamos a Ingerir, digerir, sentir, tais sensações despertam diversas sensações, como Bem-estar, vibrações que passam por nossos músculos a cada sentido que se choca com nosso corpo físico, sim a Energia da Natureza, a Energia do Orisà, a energia do Mundo.
Existem diversas folhas com diversas finalidades e combinações, nomes e considerações dos nomes, fato que muito impressiona a quem as manipulam dentro de Asé.
Temos que ter muita consciência de como usá-las para que não sejamos pegos de surpresa por energias que são invocadas quando a maceramos, quando colocamos o sumo da Erva em contato com nosso corpo, quando a colhemos.
Ewé, assunto este muito diversificado, muito delicado porque cada nação traz seu ritual. Porém folha é para mesma finalidade, trazer energias boas e positivas, tirar energias ruins e maléficas em muitos casos, trazer resposta de algo se é necessário para o indivíduo que a usa.
Abaixo aqui deixo alguns de meus conhecimentos em Ewé e que Ossanyin ouça sempre nossas Aduras (Rezas):
Nome Yorubá-Àbámodá
Nome científico - Bryophillum calcinum/ Kalanchoe pinnata
Nome popular-Folha da Fortuna, folha grossa, Milagre de São Joaquim.
Considerações:
Usadas em Cerimônias em Ilè Ifé, Terra de Ifá, para Obatalá e Yemowo conhecidas nas terras de Orisàs como Erun odundun, Kantí-Kantí, Kóropòn segundo Pierre Verger.
Alguns de seus nomes tem significado importante, Àbámodá significa "o que você deseja você faz", mas caso necessária para outras atribuições como substituta do Odundun (Folha-da-Costa), deve ser chamada erú odundun cujo nome significa "Escravo de Odundun", é uma folha muito positiva e considerada de muito prestígios pelos adeptos, em suas folhas nascem brotos nas bordas cuja este representam sinal de prosperidade, fato de ser importante na composição do Àgbo.
No Brasil considerado do Orisà Sangò por muitos Zeladores, porém muitos a usam para os Orisàs Funfun Como Osalà e Ifá. Uso medicinal-Diurético e sedativo, combate nevralgias, encefálicas, dores de dente afecções das vias respiratórias, externamente contra doenças de pele, feridas. Furúnculos, dermatoses em geral.
Nome Yorubá-Ajobi,Ajobi Pupá, Ajobi oilé
Nome científico-Schinus therebenthifolius
Nome popular-Aroeira-comum, aroeira vermelha, pimenta do Peru.
Considerações:
Encontradas em regiões nordeste sudeste e Sul, nos candomblés jejes-nagôs são usadas nos sacrifícios de animais quadrúpedes forrando-se o chão com ela, agrada muito o Orisà para o sacrifício. As Crenças enraizadas dizem que pela manha esta Ewé pertença a Ogun a tarde pertença a Esu e ainda sirva para vestir Ossanyin. Seus galhos são utilizados para ebós e sacudimentos.
Uso na medicina:
Anti-Reumático,sua resina serve para combater bronquites crônicas casca quando cozida, indicada contra feridas, tumores, inflamações em geral, corrimentos e diarréias.
Nome Yorubá-Ajobi Funfun, Ajobi jinjin
Nome Científico-Lithaea molleoides.
Nome Popular-Aroeira branca, aroeira de fruto do mangue, aroeirinha.
Considerações:
Encontradas nos estados do nordeste ao sul principalmente, usada em sacudimentos, sendo considerada uma folha gún (quente), utilizadas em banho de descarrego, porém seu uso é muito restrito, pois não se deve levar esta folha a cabeça para banho. Em algumas casas é proibido seu uso, pois dizem as crenças, que está folha desprende emanações perigosas a quem dela se aproxima necessitando uma cautela significativa para colhê-la, reações, como perturbações na pele e nos olhos.
Uso na medicina:
Excitante e diurética, o cozimento da casca serve para combater diarréias infecções das vias urinárias...
Algumas informações tiradas do livro de Estudo Ewé Orisà de José Flávio Pessoa de Barros, conhecedor nato das folhas.
Nome Yorubá-Akòko
Nome científico-Newboldia laevis Seem
Nome popular-Acoco
Considerações:
Origem África, considerada árvore abundante, provedora de Propriedade, assim diz as explicações no livro Ewé Orisà de José Flavio Pessoa de Barros, Atribuída ao Orisà Ossanyin e Ogun, esta Árvore na África acomoda em suas sombras assentamentos do Orisà Ogun onde seu culto é Extenso, na cidade de Ire.
Também usada no culto aos Ancestrais goza de muito prestígio em nossa Religião.
Nome Yorubá-Amúnimúyè
Nome científico-Centratherum punctatum
Nome popular-Balainho de velho, perpétua.
Considerações:
"Planta considerada misteriosa devida atribuição de seu nome cujo "significa" apossa-de de uma pessoa e de sua Inteligência", por isso usada na iniciação e no agbò de Orisà seu objetivo facilitar o transe do Iyawo que está para nascer, porém esta folha detém este nome pela relação que tem com uma Lenda e que Ossanyin da um preparo para Ossossi beber, no qual depois caiu em um esquecimento profundo passando acima morar nas matas com Ossanyin. Ressalto que este preparo vai muito outros ingredientes, no entanto está Ewé seria considerada indispensável junto a outras.
Nome Yorubá-Apáòká
Nome científico-Artocarpus integrifólia
Nome popular-Jaqueira
Considerações:
No livro Ewé Orisà esta arvore de Origem Indiana medra em diversas regiões inclusive África e Brasil.
Apáòká significa Opa= cajado, cetro+ Oká= serpente africana, nome de uma entidade fito mórfica considerada a mãe de Osossi, cultuada em uma Jaqueira.É uma árvore Sagrada, suas folhas são usadas para assentar Esú e em banhos para os filhos de Sangô, porém seus frutos não devem ser consumidos por esses iniciados.
Seu nome na África Tapónurin cita Verger.
Uso medicinal:
Os caroços da Jaca assados ou cozidos são afrodisíacos, a folha é usada como estimulante, antidiarréico, antiasmático e expectorante.
Citação de Joje Flávio Pessoa de Barros.
Nome Yorubá- Étipónlá
Nome cientifica-Boerhaavia difussa L.
Nome popular-Erva Tostão, bredo de porco, pega pinto, tangaracá
Considerações:
Encontrada em todo território nacional atribuída a Sango e Oya goza de grande prestígio nos terreiros como planta "contra feitiços", ao atribuí-la ao banho deve se ter cautela, pois em demasia pode provocar reações alérgicas no corpo. Reverenciada nos rituais de folha com korin (Ifá owó ifá omo, Ewé Étipónlá 'Bà Ifá orò' cujo significado diz: "Ifá é dinheiro, Ifá são filhos, a folha de Étipónlá é abençoada por Ifá")
Uso medicinal:
Combate afecções renais e das raízes desta Planta se faz um vinho que é diurético e regularizador das funções hepáticas.
Nome Yorubá-Ewé Ogbó
Nome cientifica-Periploca nigrescens
Nome popular-Cipó-de-leite, orelha de macaco, folha de leite, Rama de leite.
Considerações:
Planta trazida do continente africano pelo povo Nagôpara o Brasil, encontra-se em florestas sombreadas ou nos próprios terreiros de Candomblé.
Todos os iniciados podem usá-la sem restrição, porém seu dever que é tirar a consciência do filho de santo só é ativado quando combinados com outras folhas.
Dizem os mais velhos que a estória dos Orisàs narra esta folha como a primeira a se liberada por Ossanyin quando se fez o Vento de Oya, passando a ser folha de Ososi porém algumas outras nações ela é quista com folha principal de Osala, citação de minha pessoa.
Uso Medicinal:
Tratar Epilepsia. Outros nomes que são atribuídos a ela são Ogbó funun, Ogbó pupa, Asogbókan, Asóbomo e gbólogbòlo, citam Verger.
Nome Yorubá: Ewé Ojúùsajú
Nome cientifico: Petiveri Alliacea L.
Nome Popular: Guiné, guiné pipiu, erva-guiné, erva de alho.
Considerações:
Folha encontrada em todo território nacional, porém Verger diz que está Ewé foi levada do Brasil para Nigéria.
Usada para defumações e sacudimentos de pessoas e de casas cuja ação é contra Eguns e "Esus" negativos e em banhos para lavar fios de conta e até cabeça de filhos de santo, atribuída a Ososi e a caboclos.
Na África usada por Babalawos para combater feitiços e obter respeito de "Yami" cita Verger.
Os filhos de Osala e Yemonja em cuba são proibidos de usar esta folha, pois é considerada Ewó em suas origens.
Uso medicinal:
Contra dores de cabeças, enxaquecas, nervosismo e falta de memória, porém em muita quantidade pode atingir a vista chegando provocar até perda da visão, pois é uma Ewé tóxica principalmente a Raiz.
A Tintura que se obtém desta Ewé tem uso externo em fricções no combate a paralisia em geral e reumatismo e a raiz usada contra dor de dente.
Salvo Professor José Flavio Pessoa de Barros
Nome Yorubá-Ewé Lárà Funfun
Nome cientifico-Ricinus communis L.
Nome popular mamona, Mamona Branca, mamoneira, Palma-de-Cristo.
Considerações:
De origem Africana que era encontrada no Antigo Egito. Ocorre com muita fartura em todo território nacional.
Folha com diversas finalidades nas festividades como Olubajé ritual de Obalwuayie, Sassanhe, Ebós etc...
Atribuída a Osala é uma folha muito usada pelos adeptos, sendo indispensável em alguns rituais.
Uso medicinal:
As folhas cozidas com sal podem aliviar o inchaço dos pés, e contra prisão de ventre uma vez que esta Ewé possui uma semente que paralelamente é absorvido dele o óleo de Rícino, é purgativo.
Texto e Adaptação de Amaro Santana Silva Netto (Babalossanyi).

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