Incêndio na Cidade do Samba muda regras de carnaval no Rio
07 de fevereiro de 2011 • 21h52
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O incêndio de grandes proporções que destruiu parte da Cidade do Samba na segunda-feira e queimou fantasias e alegorias de três escolas provocou mudanças nas regras do carnaval do Rio em 2011, que não terá rebaixamento neste ano.
Portela, Grande Rio e União da Ilha farão um desfile simbólico que não será analisado e julgado pelos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).
A decisão foi tomada numa reunião na noite de segunda-feira entre os representantes das escolas, o presidente da Liesa e o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
"Vamos ajudar as escolas no que for possível, com recursos se necessário, e vamos também chamar a iniciativa privada para ajudar", disse Paes.
Para que não haja prejuízo ao espetáculo, a Portela, que desfilaria na segunda-feira, assim como as outras duas atingidas, trocou seu dia de desfile com a Mocidade Independente e irá se apresentar no domingo.
A campeã do Grupo de Acesso deste ano vai subir para o Grupo Especial normalmente, mas em 2012 duas escolas do grupo de elite, em vez de uma, serão rebaixadas.
"Foi um prejuízo incalculável e irreparável e precisávamos fazer alguma coisa", disse o presidente da Liesa, Jorge Castanheira.
Faltando cerca de um mês para o Carnaval do Rio de Janeiro, o incêndio do início da manhã se espalhou rapidamente em razão do material inflamável, como plástico, madeira e isopor, estocado nos barracões das agremiações.
Pelo menos uma pessoa ficou ferida e duas intoxicadas, segundo o Corpo de Bombeiros. Dois seguranças da escola de samba Portela foram detidos pela polícia numa confusão que envolveu o presidente da agremiação, Nilo Figueiredo.
Bombeiros de diversos batalhões foram mobilizados para controlar as chamas, só debeladas três horas depois. Uma densa coluna de fumaça se formou na região central do Rio e podia ser vista de longe.
As causas do incêndio ainda estão sendo apuradas pela polícia civil, que abriu inquérito. De acordo com testemunhas, o fogo começou numa área reservada à Liesa, no quarto andar, e se alastrou para os barracões das escolas.
O prejuízo para as escolas é considerado irreparável. "A situação é de catástrofe total. Nosso carnaval virou cinza. Ele estava 90 por cento pronto", afirmou um funcionário da Grande Rio, Avelino Ribeiro.
A área foi isolada pelo Corpo de Bombeiros para evitar que o fogo atingisse prédios e armazéns vizinhos à Cidade do Samba.
Empregados das escolas que estavam no local disseram que o fogo teve início no quarto andar, no pavilhão onde funciona um escritório da Liesa. "Começou lá e depois se espalhou para os barracões", afirmou uma funcionária da União da Ilha, Maria de Lurdes da Silva.
O telhado e paredes do prédio foram destruídos pelas chamas. "Algumas partes da estrutura da edificação ruíram e desabaram", declarou um relações públicas do Corpo de Bombeiros.
PREJUÍZOS
O presidente da União da Ilha, Ney Filardi, passou mal ao ser informado do incêndio e precisou ser levado para o hospital. "Sou hipertenso e fui para o hospital... temos 4.500 integrantes que vão desfilar nem que seja de bermuda e camisa", disse ele à Reuters, estimando os prejuízos da escola em mais de 5 milhões de reais.
"Perdemos rigorosamente tudo. Quando cheguei aqui, pensava que seria possível recuperar alguma coisa, mas perdemos alegorias e mais de 3 mil fantasias. Vamos desfilar nem que seja só com bandeira e samba-enredo", disse o presidente da Grande Rio, Helinho de Oliveira. Ele avaliou em mais de 10 milhões de reais os prejuízos para a Grande Rio. A Portela informou que ainda não calculou seus prejuízos.
Para o diretor de Carnaval da Liga, Iran Araújo, vai ser difícil recuperar o prejuízo. "Vai ter que haver um esforço muito grande. O tempo até o desfile é curto", disse ele.
A Cidade do Samba foi construída na administração do prefeito César Maia. Um dos objetivos era evitar os constantes incêndios que afetavam os barracões avulsos das escolas, que prejudicavam as agremiações antes do Carnaval
Recentemente, o prefeito do Rio anunciou que iria construir uma nova Cidade do Samba para escolas do grupo de acesso.
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