E foi a partir de um episódio que surgiu a inquietação e pude perceber que se fazem necessárias discussões sobre questões relativas à identidade, representação e a relação entre o que somos e como somos e o que vemos, e como nos vemos e somos vistos. Por isso, o faço menção a olhar e não se reconhecer no título, pois nem sempre refletimos o que somos ou queremos ser, o que nós vemos ou queremos ver, o que os outros vêem de nós: apenas reflete. E sobre essa questão de identidade e pertencimento ou negação dos dois, o espelho se faz vazio, sem reflexo, sem imagem? Como revelar a criança negra, afro-descendente, sua imagem, sua identidade? Fazê-la se olhar e se ver refletida não num espelho vazio, mas cheio de imagens que dão o que falar, que remetem a uma bela história, a várias narrativas, ricas, coloridas, negras, orais, tribais... africanas?
“Gente, hoje trouxe um livro do qual gosto muito, e quero ler para vocês!” E assim comecei a fazer a leitura do livro Menina bonita do laço de fita, de Ana Maria Machado, e cada página que eu avançava na leitura tinha uma aluna que se contorcia ou se mexia , que demonstrava seu desagrado diante de tal escolha da leitura. Em um determinado momento, já quase do meio para o fim da leitura, a aluna falou, lá de sua cadeira: “Oh professora, eu não gosto desse livro não!” Logo ela, que amava todas as leituras que eu realizava, que estava descobrindo a leitura naquele ano, ela, representante dos afro-descendentes, vir com aquela fala... Mas eu não me intimidei e não fiz o que me pedia, continuei a ler até o fim, mesmo vendo-a fazer caras e bocas. Quando terminei de ler, ela adorou, não a história, mas o fato de não precisar mais ouvir aquela história “chata”.Depois desse relato, faço algumas observações ou tiro algumas pré-conclusões, ou melhor, faço minhas leituras a respeito do comportamento da criança diante da leitura do livro: acredito que grande parte do desconforto da aluna ( 4º ano , 9 anos de idade) vem da sua cor, pois o livro faz menção a uma criança negra, pretinha e ela é a única criança negra na nossa sala, ou era até o ano passado. Hoje contamos com um menino também; toda vez que lia os porquês do livro explicando por que/ como ficar pretinho todos a olhavam e aqueles olhares lhe causaram mal estar, ela se sentia incomodada , pois ali se sentia não como representada, como exaltada, mas como a diferente da sala, a negra, inferiorizando-se, já que não se assume enquanto afro-descendente.
Uma outra leitura que pode ser feita também é que ela não se identifica como a menina bonita pretinha, ela se nomeia morena clara, quando questionada sobre sua cor, logo não se identifica como afro-descendente; não se vê representada naquela história, naquelas imagens.
Para nos apoiar nessas discussões sobre identidade nos basearemos em Tadeu (2002). No que se refere à representação, nos ancoraremos em Chartier (1990) e no que tange à literatura infanto-juvenil brasileira, (teremos como suporte Sousa, 2005 a, 2005b), e, para finalizar, sobre criança negra, Priore (2006) e outros autores para dar suporte e embasamentos às discussões aqui enfatizadas.
Discutir a representatividade ou o bem-estar que a criança tem com a imagem que ela vê quando se coloca diante do espelho vai além de discutir identidade, idéia de representação, mas é discutir, sobretudo, como historicamente essa imagem foi e vem sendo construída ao longo dos anos da história brasileira. Sabemos que no ano de 2003 a Lei 10.639/2003 atualizou a Lei de Diretrizes Bases da Educação 9394, regulamentando e tornando obrigatório o estudo da História e Cultura Afro-brasileira e incluindo o 20 de novembro como dia nacional da Consciência Negra. Foi preciso que se criasse uma lei, que fosse imposta, e que houvesse um chamamento para que se percebesse o descaso e desrespeito com que é(ra) tratada a sociedade africana que ajudou com braços e corpos, emoções, inteligência e negociações a formar e tecer os fios ricos e múltiplos desse território espacial chamado de Brasil, brasis, e brasis dentro do Brasil.
Foi e é preciso que se vigore uma lei para que alunos de toda educação, do infantil ao superior, leia, estude, saiba das contribuições que os africanos delegaram à história do nosso país. Mesmo que ainda caiamos naquelas histórias de tristezas e sofrimento, onde o negro é visto como inferior, pobrezinho, ou como mal, que mata o patrão, o bêbado, o favelado, é preciso mais que isso pra resgatar nos afro-descendentes um valor em se reconhecer ou se afirmar enquanto par do africano escravizado, é preciso mostrar às crianças e aos adultos que o que o africano trouxe para o Brasil foi mais que força braçal, foi força também cultural, religiosa, na linguagem falada com seus dialetos variados, nas afetividades, tradições, que atravessaram oceanos e não se perderam, mas foram transformadas, negociadas, sincronizadas para não serem proibidas pelos novos olhos que as viam, que as estranhavam.
Comecemos a apresentar a história do nosso país sobre ou a partir das contribuições que foram trazidas pelos africanos. Mostremos também a História da África, assim como estudamos a da Europa, dos países asiáticos. E assim estaremos ensinando às nossas crianças que todas têm seu valor, contribuição, no mosaico da história brasileira, desde a contribuição do adulto africano, como da própria criança e do que ela fazia e o que se fazia dela no Brasil escravocrata e pós-escravocrata.
E falando em crianças, me reporto ao livro História da criança no Brasil, organizado por Priore (2006), quando estuda o tema criança num texto referente a crianças mulatas, mostrando que estas viviam por ai, eram desvalorizadas de tal forma a causar espanto. As crianças negras eram tidas em sua maioria como filhos ilegítimos, moravam com suas mães, na maioria das vezes, sem pai, quando e se as mães trabalhassem na casa grande, tinham o direito de viver perto dos brancos e agüentar as terríveis brincadeiras que os amos pequenos faziam com elas. Quando cresciam, eram ensinados ofícios, termo substituído, no texto “Crianças escravas, crianças dos escravos”, dos autores Florentino e Goes (2006), pela palavra adestramento, para se referir aos ofícios ensinados às crianças, que eram treinadas, desde cedo, e que faziam a diferença na hora de vender, subindo seu valor de mercadoria. Não se pensava, nesse momento da história, no negro, africano, como pessoa, no seu desenvolvimento pessoal, apenas o adestrava para ter mais lucros.
E desse momento de criança, do modo como era vista e tratada a criança negra, teremos desdobramentos diversos nos comportamentos e nas histórias que foram construídas e passadas adiante... e, assim, essas imagens foram sendo lidas, relidas, outras cristalizadas em forma ou representadas por desenhos que povoam os livros de literatura infantil e juvenil, o imaginário das pessoas e forçam conceitos e imagens do africano e afro-descendentes em nossos dias atuais.
E para discutir sobre as imagens da personagem negra feminina nos livros de literatura infanto-juvenil, faremos algumas incursões e menções ao texto de Sousa (2005a), que discute tal assunto. Quando inicia as discussões sobre a representação da personagem negra, afirma que na literatura adulta é representada pela visão etnocêntrica, estereotipada (inferior e desprestigiada) em relação à mulher branca. Nesse primeiro momento não teremos uma literatura voltada para as crianças, ela só vai ser confeccionada no Brasil no final do século XIX e início do XX. Mas a presença das personagens só irá acontecer no final de 1920 e início de 1930. Entretanto, as representações sempre estavam atreladas a condições subalternas (empregada doméstica, como a famosa Tia Anastácia, do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato – marco da literatura infanto-juvenil.). Todavia, vai acontecer uma reviravolta na história literária no ano de 1975, já que nesse ano começa a ser percebida uma literatura infanto-juvenil, preocupada e comprometida com uma representação mais realista, “mas que nem por isso deixou de ser preconceituosa discriminatória e/ou racista”. (SOUSA, 2005a).
Preocupação, esta, que vem se reiterando nas salas de aulas, pois, como afirma Sousa (2005b), há uma não identificação por parte das crianças negras com a história, elas não se identificam. Sousa (2005b) faz menção a essa problemática usando a seguinte frase: “[...] só é possível o indivíduo manter sua auto-identificação como pessoa de importância no meio que confirma essa identidade (Berger, 1993)[...]”. E como ainda são tímidos os incursos pela história da África, fica impraticável para a criança manter uma auto-identificação com aquilo que lhe parece estranho, lhe chega pejorativo aos olhos e ouvidos, e esses são os canais que resultam na construção ou não de uma identidade. É Sousa (2005b, p. 114) quem nos lembra que “os instrumentos legitimadores como família, escola e mídias tendem a desqualificar os atributos do segmentos étnico-racial negro...” e, por isso muitos dos alunos afro-descentes desenvolvem uma auto-estima acentuadamente baixa, como ocorreu com minha aluna, por exemplo.
A recusa à assimilação por parte do negro decorre, portanto, da percepção de sua marginalização e rejeição social, já que por mais que procurasse imitar os brancos, não conseguia lograr a igualdade e respeito almejado. Surge daí a “revolta”, ao notar que “a verdadeira solução dos problemas não consiste em macaquear o branco, mas em lutar para quebrar as barreiras sociais que o impedem de ingressar na categoria de homens”. Deixando-se de lado a “assimilação, a liberação do negro deve efetuar-se pela reconquista de si e de uma dignidade autônoma” (MUNANGA, 1988, p. 32). Ou seja, Aceitando-se, o negro afirma-se cultural, moral, física e psiquicamente. Ele se reivindica com paixão, a mesma que o fazia admirar e assimilar o branco. Ele assumirá a cor negada e verá nela traços de beleza e de feiúra como qualquer ser humano “normal” (MUNANGA, 1988, p. 32, apud OLIVEIRA, 2008,p.3)
Quando a sociedade afro-descendente começar a se olhar e se ver no espelho com suas belezas e defeitos e se reconhecerem qualidades e defeitos inerentes a todo ser humano (e não se nomear feio por ser dessa ou daquela cor, jeito, cultura), o espelho deixará de ser vazio de imagens e refletirá contornos singulares, cheios de vida, de brilho, de cores e sabores, balanços... movimentos e serão os contornos do espelho que você olha e não o espelho criado para refletir o que a sociedade quer e nomeia como.
Apostando na literatura infanto-juvenil como objeto de estudo, levando em consideração que esta:
[...]constitui um campo de produção, circulação e apropriação cultural, seu estudo tem sido fonte importante para a investigação histórica. No trabalho historiográfico, a literatura tem sido ferramenta de apreensão da dinâmica sociocultural de diferentes momentos históricos. Porém, há que se destacar a especificidade da fonte e a importância de o historiador tomar o texto literário não como descrição do real, mas como sua representação. Representação esta constituída no diálogo com as demais práticas culturais, que conferem à prática literária sua sustentação. (GOUVEIA, 2005, p.3)
Percebemos, aqui, que muitas dos autores fazem sua leitura apenas das narrativas literárias, o historiador tem que ter pra si que esta forma de linguagem é mais uma representação do real, daquilo que se vive, que se sente, que é presenciado na sociedade, regado de valores, subjetividades, representações.
A década de 1980, com toda a sua redemocratização, deu os primeiros passos para romper com essas formas de representações preconceituosas das personagens negras, representantes dos afro-brasileiros foram além do enfrentamento de preconceitos raciais, sociais e de gênero. Houve uma preocupação com a escrita, valorizando a mitologia e a religião de matriz africana. Percebe-se também uma ruptura com o modelo de desqualificação das narrativas oriundas das tradições orais africanas e proporcionando uma ressignificação da importância da figura materna (mãe e avó) na vida da criança.Também podemos perceber, segundo análises de Sousa (2005a), que a imagens reproduzidas e que compõem o texto do livro didático se mostram mais diversificadas, menos estereotipadas.”Elas [as personagens negras] passam a ser representadas com tranças de estilo africano, penteados e trajes variados.” (SOUSA, 2005ª, p. 191)
Essas transformações aconteceram por grande esforço e organização dos movimentos negros, das mulheres negras, na virada do século, no intuito de positivizar as personagens negras através de denúncias e reivindicações, incluindo nesse espaço o estudo da cultura africana e a releitura das imagens e passividade do negro no período escravocrata.
Todos esses e muitos outros melhoramentos foram e estão sendo feitos e refeitos em relação às imagens e história da personagem negra na literatura infanto-juvenil, para que se possa construir ou reconstruir a imagem da personagem negra desde a sua infância até a vida adulta e idosa do negro e, assim, termos orgulho dessa outra parte de nossa história que foi trazida e dada a ler de forma tão marginalizada, preconceituosa, minimizada. E tudo isso, esse desrespeito que se percebe, só irá findar quando as crianças tiverem mais acesso a livros literários ou não sobre a África, suas histórias, cultura... quando os professores tiverem formação suficiente para discutir sobre o tema, apresentar livros que tragam não só a personagem negra nas histórias, mas as suas histórias e memórias...
É preciso muito mais que textos literários e não-literários sobre a cultura afro para quebrar ainda tabus de beleza de aceitação identitária, de cor, de credo, de lugar numa sociedade extremamente fracionada e racista. É como nos fala Oliveira (2008, p. 02):
[...] Não basta, portanto, a mera inclusão no mercado editorial e no espaço escolar de produções literárias que apresentam protagonistas negros (as), ou que delineiam as religiosidades de matrizes africanas, a cultura afro-brasileira, o continente africano e temáticas afins. Diante da propagação da inferiorização do segmento étnico-racial negro nos materiais didáticos e na literatura, mais ainda se faz necessário, na atualidade, redobrarmos a atenção em relação às produções nesse enfoque, pois, em virtude da lei 10.639/03, a tendência é que haja investimento no mercado editorial, culminando com publicações reedições nem sempre elaboradas com a devida qualidade estética e temática.
Sabemos que a tradição cultural de inferiorização e subjugação dos africanos e seus descendentes é um fardo pesado sobre os ombros destes que são seus representantes, entretanto, mesmo com todas as falhas, as lacunas, os contratempos, é valida toda discussão acerca da construção, mesmo que tardia, de uma história do africano, do afro-brasileiro, para que, de hoje em diante, eles consigam se orgulhar e se ver como um afro e não como moreno, chocolate, mas se assumam em sua cor, em sua cultura, seus traços físicos, sua beleza, suas histórias.
Quando vejo que ainda tem muito o que se discutir e praticar sobre identidades, sobre representações, que nos construímos e que são construídas e colocadas como padrão a serem seguidas, percebo, a margem que devemos percorrer para neutralizar e desconstruir estereótipos, imagens que foram pintadas e moldadas a séculos, e certamente não serão desfeitas em pouco tempo, sem discussões, protestos, formulações legais. Todo esforço é válido para que a história, principalmente do nosso país, seja reescrita, também, a partir do olhar do africano raptado de seu lar, da sua mãe áfrica, e trazido o Brasil para dar lucro, gerar riquezas e ser colocado e esquecido de forma tão pequena, diante de tamanha participação.
Refletir no espelho de cada criança que se olha e se reconhece e se aceita como afro-descendente é uma tarefa não só para nós professores e professoras, mas para toda e todo aquele que deseja ver fluir, aos olhos do mundo multicultural, a igualdade e diversidade que sabemos existir mas que não se assume de fato e direito. Não quero ver mais espelhos vazios, sem reflexo!
Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2003.
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações.Tradução Maria Manuela Galhardo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990.
DEBUS, Liane Santana Dias. A representação do negro na literatura brasileira para crianças e jovens: negação ou construção de uma identidade? PUIP - Pedagogia – Pedra Branca/Tubarão, s.d.
FLORETINO, Manolo & GOES, José Roberto de. Crianças negras, crianças dos escravos. In: PRIORE, Mary Del. Histórias das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2006.
GOUVEIA, Maria Cristina Soares de. Imagens do negro na literatura infantil brasileira: análise historiográfica. In: Revista Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 31, 80 n. 1, p. 79-91, jan./abr. 2005.
JOVINO, Ivone da. Literatura infanto-juvenil com personagens negros no Brasil.In: Literatura Afro-Brasileira. SOUZA,Florentina & LIMA, Maria Nazaré .(orgs). Centro de Estudos Afro-Orientais Fundação Cultural Palmares. 2006.pp. 180-220
OLIVEIRA, Maria Anória de Jesus. Literatura afro-brasileira infanto-juvenil: enredando inovação em face à tessitura dos personagens negros. São Paulo: julho de 2008.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do
currículo. 2002. 2 ed. Belo Horizonte, Autêntica.
SOUSA, Andreia Lisboa de. A representação da personagem feminina negra na literatura infanto-juvenil brasileira. In: Educação antirracista: caminhos abertos pela Lei Federal nº10.639/03 Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização diversidade – Brasília: MEC, SEC, Alfabetização e Diversidade, 2005a. Coleção Ed. Para Todos.
SOUSA, Francisca Maria do Nascimento. Linguagens escolares: reprodução do preconceito. In: Educação antirracista: caminhos abertos pela Lei Federal nº10.639/03. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização diversidade – Brasília: MEC, SEC, Alfabetização e Diversidade, 2005b. Coleção Ed. Para Todos.
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OLHO, MAS NÃO ME RECONHEÇO: A CRIANÇA NEGRA NA LITERATURA INFANTIL publicado 10/09/2010 por jahelina almeida em http://www.webartigos.com
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jahelina almeida
Graduada e especialista em história - UEPB e UFCG. Graduanda do curso de Pedagogia UFPB- VIRTUAL.Ler outros artigos de jahelina almeid
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/46921/1/OLHO-MAS-NAO-ME-RECONHECO-A-CRIANCA-NEGRA-NA-LITERATURA-INFANTIL/pagina1.html#ixzz17SAJ4RSP
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